Estamos preparados para o futuro da Automatização?

Cansado das longas filas nos caixas dos supermercados e lojas de departamentos? Não aguenta mais funcionários às vezes mal-educados, antipáticos e irritantemente lentos? A automatização de serviços, como o autoatendimento (self checkout), promete tornar esse processo muito mais prático e rápido. O que já é uma tendência nos países de primeiro mundo, começa a ser adotado em estabelecimentos no Brasil.

O processo, de fato, não é muito diferente do que já é feito nos caixas hoje em dia, a principal diferença é que o próprio consumidor faz tudo sozinho. O sistema está sendo inicialmente adotado em estabelecimentos com grande volume de vendas diário, como supermercados, para reduzir as filas. Os primeiros consumidores a utilizarem o serviço automatizado são aqueles já acostumados a usar tecnologia no dia a dia, ou os mais jovens que desde a infância já crescem num mundo informatizado. Porém, a expectativa do setor é que com o tempo torne-se uma prática comum devido a facilidade e simplicidade com a tela autoexplicativa.

Isso vai afetar muitos empregos?

Para os que temem pelo fechamento das vagas de trabalho, vale lembrar que a função de caixa é uma tradicionalmente difícil para as empresas preencher e manter. O segmento é considerado um dos mais “rotatórios” do mercado de trabalho. Além disso, a tendência dos estabelecimentos é manter operadores tradicionais e adicionar os automatizados com foco nos clientes que cansam de esperar na fila, principalmente os que estão adquirindo poucos produtos e muitas vezes desistem da compra por causa da espera.

Mas a automatização dos caixas é apenas um passo a mais na tendência de automatização de processos no comércio. As vendas online já são uma tendência consolidada em diversos setores. Isso vale também para os sistemas administrativos, contábeis, logísticos e de marketing. E não só para estabelecimentos de grande porte. O desenvolvimento tecnológico só vai acelerar nos próximos anos.

Carl Frey, pesquisador da Universidade de Oxford, realizou um estudo e descobriu que, de uma amostra de 702 ocupações, quase metade corria o risco de ser informatizada num futuro próximo.

Alguns trabalhos, como dentista, dependem de capacidade de diagnóstico avançada e, assim, são menos suscetíveis de substituição por uma máquina. Também são seguras profissões como treinadores esportivos, atores, trabalhadores da área social, arquitetos, bombeiros e, mais obviamente, padres. Mas atendentes, vendedores, agentes imobiliários e motoristas estão entre as ocupações consideradas com alta probabilidade de automatização no futuro, afirma.

“Fiquei um pouco surpreso quando chegamos ao número de 47% das profissões”, disse Frey.

O que esperar para o futuro da Automatização?

O processo não se limita apenas ao comércio e serviços financeiros. O transporte, tanto coletivo como individual, também deverá cada vez mais entrar nessa onda. Imagine um ônibus que não dá freadas bruscas, não passa no sinal vermelho nem tira fino de pedestres, sem cobradores mal-humorados e que erram troco. Já está sendo utilizado em caráter experimental em Amsterdã, capital da Holanda, um ônibus que praticamente anda sozinho. No Future Bus, fabricado pela Mercedes Benz, o passageiro entra com a passagem já paga e o único profissional a bordo é o motorista, mas ele só assume o comando em caso de falha do sistema. Utilizando câmeras, sensores de radar e GPS, o veículo é capaz de evitar obstáculos e pedestres, além de se comunicar com os semáforos.

O mesmo sistema também está sendo testado em veículos particulares que em breve chegarão às concessionárias. Entre os grandes benefícios que devem trazer está a possibilidade de acabar com os acidentes provocados por embriaguez de motoristas, o que nem campanhas de conscientização nem punições têm se mostrado capazes de fazer.

 

O professor da UFMG, Nivio Ziviani, formado em Engenharia Mecânica na própria UFMG, com mestrado em Informática pela PUC-RJ e doutorado em Ciência da Computação na University of Waterloo, também é pesquisador e empreendedor no segmento da automatização. Ziviani foi co-fundador da Miner Technology Group, vendida para o UOL em junho de 1999, da Akwan Information Technologies, vendida para a Google em julho de 2005, da Zunnit Technologies e da Neemu Technologies. Atualmente é Presidente do Conselho de Tecnologia da Kunumi, onde atua nas áreas de algoritmos, machine learning e inteligência artificial.

“O futuro não precisa de nós!”

Com essa frase, Ziviani explica que o desenvolvimento da inteligência artificial já prevê um mundo em que computadores aprendem de forma autônoma, por meio de redes neurais, sem serem diretamente programados. Essa quebra de paradigma traz inúmeras consequências para as relações homem-máquina, com impactos na concepção de cidades inteligentes e novas formas de coleta, representação e uso estratégicos de dados em áreas como saúde e políticas públicas.

Uma das previsões apresentadas por Ray Kurzweil (diretor de engenharia da Google) para o futuro da automatização é de que, em 2045, a inteligência artificial já superará os seres humanos, onde carros vão dirigir sozinhos e máquinas serão operadas por um computador. Não existirão mais atendentes no comércio e até mesmo os médicos serão substituídos por robôs cirurgiões! E aí, você está preparado para um mundo assim?

 

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